sábado, 16 de outubro de 2010

Dislexia


Dislexia (Por Simaia Sampaio)

O que é?

A dislexia é um distúrbio na leitura afetando a escrita, normalmente detectado a partir da alfabetização, período em que a criança inicia o processo de leitura de textos. Seu problema torna-se bastante evidente quando tenta soletrar letras com bastante dificuldade e sem sucesso.

Porém se a criança estiver diante de pais ou professores especialistas a dislexia poderá ser detectada mais precocemente, pois a criança desde pequena já apresenta algumas características que denunciam suas dificuldades, tais como:

- Demora em aprender a segurar a colher para comer sozinho, a fazer laço no cadarço do sapato, pegar e chutar bola.

- - Atraso na locomoção.

- - Atraso na aquisição da linguagem.

- - Dificuldade na aprendizagem das letras.

A criança dislexa possui inteligência normal ou muitas vezes acima da média. Sua dificuldade consiste em não conseguir identificar símbolos gráficos (letras e/ou números) tendo como conseqüência disso a dificuldade na leitura e escrita.

A dislexia normalmente é hereditária. Estudos mostram que dislexos possuem pelo menos um familiar próximo com dificuldade na aprendizagem da leitura e escrita.

O distúrbio envolve percepção, memória e análise visual. A área do cérebro responsável por estas funções envolve a região do lobo occipital e parietal.

Características:

- Confusão de letras, sílabas ou palavras que se parecem graficamente: a-o, e-c, f-t, m-n, v-u.

- Inversão de letras com grafia similar: b/p, d/p, d/q, b/q, b/d, n/u, a/e.

- Inversões de sílabas: em/me, sol/los, las/sal, par/pra.

- Adições ou omissões de sons: casa Lê casaco, prato lê pato.

- Ao ler pula linha ou volta para a anterior.

- Soletração defeituosa: lê palavra por palavra, sílaba por sílaba, ou reconhece letras isoladamente sem poder ler.

- Leitura lenta para a idade.

- Ao ler, movem os lábios murmurando.

- Freqüentemente não conseguem orientar-se no espaço sendo incapazes de distinguir direita de esquerda. Isso traz dificuldades para se orientarem com mapas, globos e o próprio ambiente.

- Usa dedos para contar.

- Possui dificuldades em lembrar se seqüências: letras do alfabeto, dias da semana, meses do ano, lê as horas.

- Não consegue lembrar-se de fatos passados como horários, datas, diário escolar.

- Alguns possuem dificuldades de lembrar objetos, nomes, sons, palavras ou mesmo letras.

- Muitos conseguem copiar, mas na escrita espontânea como ditado e ou redações mostra severas complicações.

- Afeta mais meninos que meninas.

O dislexo geralmente demonstra insegurança e baixa auto-estima, sentindo-se triste e culpado. Muitos se recusam a realizar atividades com medo de mostrar os erros e repetir o fracasso. Com isto criam um vínculo negativo com a aprendizagem, podendo apresentar atitude agressiva com professores e colegas.

Antes de atribuir a dificuldade de leitura à dislexia alguns fatores deverão ser descartados, tais como:

- imaturidade para aprendizagem;

- problemas emocionais;

- métodos defeituosos de aprendizagem;

- ausência de cultura;

- incapacidade geral para aprender.

Tratamento e orientações:

- O tratamento deve ser realizado por um especialista ou alguém que tenha noções de ajuda ao dislexo. Deve ser individual e freqüente.

Durante o tratamento deve-se usar material estimulante e interessante. - Ao usar jogos e brinquedos empregar preferencialmente os que contenham letras e palavras.

- Reforçar a aprendizagem visual com o uso de letras em alto relevo, com diferentes texturas e cores. É interessante que ele percorra o contorno das letras com os dedos para que aprenda a diferenciar a forma da letra.

- Deve-se iniciar por leituras muito simples com livros atrativos, aumentando gradativamente conforme seu ritmo.

- Não exigir que faça avaliação de outra língua. Deve-se dar mais importância na superação de sua dificuldade do que na aprendizagem de outra língua.

- O tratamento psicológico não é recomendado a não ser nos casos de graves complicações emocionais.

- Substituir o ensino através do método global (já que não consegue perceber o todo), por um sistema mais fonético.

- Não estimule a competição com colegas nem exija que ele responda no mesmo tempo que os demais.

- Oriente o aluno para que escreva em linhas alternadas, para que tanto ele quanto o professor possa entender o que escreveu e poder corrigi-los.

- Quando a criança não estiver disposta a fazer a lição em um dia ou outro não a force. Procure outras alternativas mais atrativas para que ele se sinta estimulado.

- Nunca critique negativamente seus erros. Procure mostrar onde errou, porque errou e como evitá-los. Mas atenção: não exagere nas inúmeras correções, isso pode desmotivá-lo. Procure mostrar os erros mais relevantes.

- Peça que os pais releiam o diário de classe sem criticá-los por não conseguir fazê-lo, pois a criança pode esquecer o que foi pedido e/ou não conseguir ler as instruções.

A Criança Com Dislexia Apresenta:

1) Dificuldade de discriminação visual (confunde letras de forma semelhantes, por exemplo: m/n; a/e; e/c; e/o ou dificuldade de discriminação fonemática (confunde letras com sons semelhantes, por exemplo: b/p; f/v; c/g);

2) A velocidade da percepção é baixa (por isso apresenta lentidão);

3) Apresenta tendência para reversão (bota/dota);

4) Tendência para inversão ( w/m );

5) Dificuldades em seguir e reter seqüências visuais e/ou auditivas;

6) Memória visual e/ou fonológica prejudicada;

7) Desenhos carentes de detalhes;

8) Dificuldades em análise/síntese visual e/ou auditivas, ausência ou dificuldade em consciência fonológica.



Bibliografia:

JOSÉ, Elisabete da Assunção José & COELHO, Maria Teresa. Problemas de Aprendizagem. 12ª edição, São Paulo: Ática.

http://www.mps.com.br/InfoServ/renascer/neurologia.htm

http://www.psiqweb.med.br/cursos/linguag.html
http://www.psicopedagogiabrasil.com.br/disturbios.htm#Dislexia



As Dificuldades De Aprendizagem Na Leitura Podem Ser:

PROBLEMA

PODE SER

O QUE FAZER

1- Leitura com repetição

· Reprodução do estímulo, para impor a si próprio o mesmo estímulo.

· Necessidade de tempo maior para elaborar o conceito.

· Dificuldade no processo de análise e síntese.

· Desorganização têmporo-espacial.

· Falta de compreensão.

· Trabalhar o processo de análise e síntese, percepção temporal e espacial.

· Atividades que favoreçam a simbolização, iniciando pela imagem corporal.

· Trabalhar conceitos e compreensão

2 –Omissão e acréscimo de letras, sílabas e troca de palavras com o mesmo perfil gráfico

· Falta no processo de análise e síntese.

· Falta na apreensão do estímulo como um todo e das partes que o compõe.

· Trabalhar o processo de análise e síntese, iniciando pela representação do corpo e ações até o quebra-cabeça de figuras complexas.

· Explorar outras vias de informação tátil, auditiva e sinestésica.

3 – Inversão da ordem das letras, sílabas e/ou palavras.

· Falta na seqüência temporal.

Exemplo: prato/pato.

· Trabalhar a organização temporal.

4 – Leitura sem ritmo, sem pontuação.

· Falha na organização temporal

· Inadequação de ritmo respiratório na leitura.

· Dificuldade de interpretação do símbolo na pontuação.

· Trabalhar a organização, através do ritmo, respiração e a pontuação como um símbolo.

5 – Uso de apoio tátil e/ou articulatório.

· Necessidade de apoio concreto na tentativa de decodificar a escrita.

· Apoio concreto para manter a atenção.

· Trabalhar a simbolização: corpo códigos, em geral.

6 – Pula linha ao ler

· Falha no processo análise e síntese.

· Dificuldade na figura fundo.

· Falha na seqüência temporal.

· Dificuldade na coordenação visual.

· Trabalhar processo de análise e síntese, figura fundo, seqüência temporal e coordenação óculo motora.

7 – Não compreende o que lê.

· Dificuldade de compreensão.

· Dificuldade no manejo do significado dos termos.

· Trabalhar a compreensão, o pensamento em si, os conceitos.

· Fazer leituras das vivências, dos blocos lógicos, etc.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Teoria e Intervenções Psicopedagógicas

Teoria e Intervenções Psicopedagógicas na Sala de Aula Relacionadas aos Distúrbios e transtornos de Aprendizagem

Transtornos da aprendizagem
Os Transtornos da Aprendizagem incluem: Transtorno da Leitura, Transtorno da Matemática, Transtorno da Expressão Escrita e Transtorno da Aprendizagem Sem Outra Especificação.
Esta última “categoria envolve os transtornos da aprendizagem que não satisfazem os critérios para qualquer Transtorno da Aprendizagem específico, podendo incluir problemas em todas as três áreas (leitura, matemática, expressão escrita) que, juntos, interferem significativamente no rendimento escolar, embora o desempenho nos testes que medem cada habilidade isoladamente não esteja acentuadamente abaixo do nível esperado, considerando a idade cronológica, a inteligência medida e a escolaridade apropriada à idade do indivíduo” ( APA, 1994). Serão esses os transtornos que aqui iremos tratar.
O transtorno de aprendizagem é uma perturbação no processo de aprendizagem, não permitindo ao indivíduo aproveitar as suas possibilidades para perceber, compreender, reter na memória e utilizar posteriormente as informações obtidas.
Num enfoque psicopedagógico, encaramos os transtornos de aprendizagem como um sintoma, um sinal de descompensação, no sentido de que não são permanentes, sendo passíveis de transformação. “A hipótese fundamental para avaliar o sintoma é entendê-lo como um estado particular de um sistema que para equilibrar-se precisa adotar esse tipo de comportamento que poderia merecer um nome positivo, mas que caracterizamos como não-aprender” (Pain, 1986).
Esse é o papel inicial do psicopedagogo frente às dificuldades de aprendizagem: fazer uma análise da situação para poder diagnosticar os problemas e suas causas. Ele levanta hipóteses através da análise de sintomas que o indivíduo apresenta, ouvindo a sua queixa, a queixa da família e da escola; além de resgatar a história de vida do sujeito. Para isso, torna-se necessário conhecer o sujeito em seus aspectos neurofisiológicos, afetivos, cognitivos e sociais, bem como entender a modalidade de aprendizagem do sujeito e o vínculo que o indivíduo estabelece com o objeto de aprendizagem, consigo mesmo e com o outro. O psicopedagogo procura, portanto, compreender o indivíduo em suas várias dimensões para ajudá-lo a reencontrar seu caminho, superando dificuldades que impeçam um desenvolvimento harmônico e que estejam se constituindo num bloqueio da comunicação dele com o meio que o cerca.
São diversos os fatores envolvidos nos transtornos de aprendizagem: orgânicos, cognitivos, emocionais e ambientais, relacionados a três pólos de procedência: o indivíduo, a família e a escola.
Estando a origem de toda a aprendizagem nos esquemas de ação através do corpo, precisamos verificar, primeiramente, como estão sendo processadas as principais funções e a integridade dos órgãos ligados a elas, para podermos, posteriormente, considerar os aspectos cognitivos. Estes dizem respeito ao desenvolvimento e funcionamento das estruturas que proporcionam a possibilidade de conhecimento por parte do sujeito, em sua interação com o meio. Nessa área podemos incluir as funções de percepção, discriminação, atenção, memória e processamento da informação. Não podemos nos esquecer de que os fatores motivacionais são muito importantes na construção do significado daquilo que se aprende, formando uma rede de inter-relações entre esses conteúdos e aquilo que já se conhece. Assim, os aspectos emocionais interferem na construção do conhecimento. Abrangem um amplo campo, desde dificuldades para lidar com as frustrações até sérios transtornos emocionais como psicose e depressão infantis.
Para além das causas individuais, estão as de ordem ambiental, oriundas da família, da escola e da sociedade, como um todo. São fatores intervenientes o próprio modelo de funcionamento da família e as relações aí estabelecidas; o perfil da escola, sua filosofia, metodologia e as relações advindas de sua estrutura administrativa e pedagógica; e o meio-ambiente sócio-cultural com poucos estímulos.
Torna-se necessário lembrarmos que esses fatores não são estanques, nem aparecem isoladamente. Eles têm uma circularidade causal, como bem diz Alicia Fernández: “A origem do problema de aprendizagem não se encontra na estrutura individual. O sintoma se ancora em uma rede particular de vínculos familiares que se entrecruzam com uma também particular estrutura individual”. ( Fernández- 1990)
Se ao papel da família acrescentarmos o papel da escola, como matrizes de desenvolvimento e promoção do equilíbrio do sujeito, teremos a formação completa dessa rede, como já foi dito acima. Ambas são responsáveis tanto pela aprendizagem como pela não-aprendizagem do indivíduo. Modificações na estrutura e funcionamento da rede de relações podem trazer melhorias para o aprendente, desmistificando a sua culpa nos transtornos de aprendizagem.
Desta forma, tanto o psicopedagogo clínico como o psicopedagogo institucional, num primeiro momento, vão avaliar os fatores envolvidos nos transtornos. O diagnóstico psicopedagógico abre possibilidades de intervenção e dá início a um processo de superação das dificuldades.
Num segundo momento, o psicopedagogo iniciará o processo de intervenção junto à instituição (Escola, Hospital, etc.), no sentido de promover as mudanças necessárias; e junto ao indivíduo, através de orientação dentro da própria instituição ou encaminhamento para um trabalho clínico especializado.
Num terceiro momento, vão atuar como interlocutores entre o indivíduo, seus pais, professores e especialistas, com o objetivo de estabelecer um espaço de confiança, segurança, tranqüilidade e prazer entre todos, onde seja possível a aprendizagem: regras firmes e claras, mas flexíveis para permitir experimentação e escolha; respeito e acolhimento para ouvir as demandas das crianças; tempo para que essas demandas apareçam; liberdade que permita o processo de construção da individualidade das crianças; troca de afetividade, como possibilidade de estabelecimento de vínculos.
Trataremos aqui das dificuldades mais conhecidas e que vem tendo grande repercussão na atualidade a dislexia, disgrafia, discalculia, dislalia, disortografia e o TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade).
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